Saiba quais regiões têm homens mais participativos nas tarefas domésticas
Ele cozinha, lava as roupas e cuida do filho. Na residência do corretor de investimentos Edisly Barbosa, 41 anos, as tarefas domésticas não passam pelas mãos de uma mulher. “Minha esposa trabalha fora o dia inteiro. Como posso exercer minha profissão sem sair de casa, nada mais justo do que pegar para mim os afazeres do lar”, afirma. “Deveria ser uma atitude normal para todos os homens na mesma situação que eu.”
A rotina de Edisly é reflexo de uma realidade comum em São Sebastião, no Paranoá e no Itapoã. O tempo gasto com tarefas domésticas pelos homens dessas três regiões administrativas está acima da média. A população masculina do Distrito Federal usa cerca de 6,9 horas por semana nas atividades do lar. No Itapoã, a dedicação sobe para 7 horas, enquanto no Paranoá alcança as 8 horas. Já em São Sebastião, os homens reservam 10,5 horas semanais aos cuidados com a casa.
Os dados fazem parte da Pesquisa Distrital de Amostragem por Domicílio (Pdad) 2021. Nesta quarta-feira (22), o Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF) Codeplan divulgou o levantamento referente à Unidade de Planejamento Territorial (UPT) Leste, grupo formado por Itapoã, Jardim Botânico, São Sebastião e Paranoá. Além de traçar um retrato de cada uma das cidades do DF, a Pdad serve de base para a aplicação de políticas públicas.
“Tal característica da população de São Sebastião, Paranoá e Itapoã é muito positiva, especialmente em uma conjuntura pandêmica como a nossa”, avalia Jusçanio Umbelino de Souza, gerente de pesquisas socioeconômicas do IPEDF Codeplan. “O compartilhamento das tarefas domésticas de forma mais igualitária mostra um grande senso de responsabilidade dessa comunidade masculina.”
“As mulheres dessas regiões mostram maior propensão em investir na formação pessoal. É um comportamento valioso, principalmente em tempos de recessão”
Jusçaino Umbelino de Souza, gerente de pesquisas socioeconômicas do IPEDF Codeplan
Se os homens dessas três cidades chamam a atenção pelos cuidados com a casa, as mulheres se destacam pela busca por uma formação educacional mais completa. No DF, 37,2% da população masculina com mais de 25 anos concluíram o ensino superior, contra 35,6% da população feminina. A situação se inverte no Itapoã, com as mulheres ultrapassando os homens em 1,7 ponto percentual.
A diferença sobre para 2,2 no Paranoá e chega a 4,8 pontos percentuais em São Sebastião – 15,6% das moradoras acima dos 25 anos têm o ensino superior completo, enquanto o número fica em 10,8% entre os moradores. “As mulheres dessas regiões mostram maior propensão em investir na formação pessoal”, comenta Jusçanio. “É um comportamento valioso, principalmente em tempos de recessão.”
Para o administrador de São Sebastião, Ataliba Rodrigues Pereira, o fato de a região administrativa oferecer seis faculdades facilita o acesso ao ensino superior. “Muitas mulheres cuidam de suas famílias desde jovem. Então, poder estudar perto de casa é um diferencial”, aponta. “Além disso, os homens da nossa cidade começam a trabalhar muito cedo. E acabam abrindo mão da formação superior.”
A Pdad é um levantamento domiciliar amostral realizado a cada dois anos em todas as 33 regiões administrativas – uma representatividade de mais de 97% da população brasiliense. A edição de 2021 trouxe como novidade o questionário de identidade de gênero e orientação sexual para os maiores de 18 anos, além de questões sobre insegurança alimentar e animais domésticos.
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